25.10.09

requiem aeternam dona eis*

*

La Esperanza
aunque Muerta
reVive


***


* Primeiro verso em latim da Missa que celebra funeral. Trad: "Dá-lhe o repouso eterno". O termo "réquiem" tem sido ocasionalmente associado a composições musicais em honra aos mortos. Especialmente ando escutando o Réquiem famoso composto por Mozart. Dá uma paz danada! Ressuscita até a Esperança, resgatando-a de Thánatos para tornar-se em muito mais vita**.

** Thánatos: deus grego da morte;
Vita: do latim "vida";
O prefixo re- em espanhol funciona como um advérbio de intensidade "muito" (relindo, relegal o, como en el poema, reVive)
.

***

19.10.09

o Amor a reinventar!

*



fragmento do poema em prosa “Délires I” de Arthur Rimbaud
ouvido durante a peça Os sertões, grupo Oficina.



13.10.09

*

*
escrevo porque eu preciso escrever.
se preciso fosse para outro fim,
minha mão repousaria em um absoluto ato de subversão
e se calaria, morosa, preguiçosa, fazendo fita,
como quem não sabe balbuciar estas mal traçadas linhas.

*

11.10.09

Mercedes Sosa :: La cigarra de Latinoamérica

*
É difícil pensar em uma voz que consiga, de fato, unir toda a América Latina — todas as vozes e todas as mãos unidas por um só propósito: a liberdade — sem pensar de imediato na cantora Mercedes Sosa. Antes de pontuar que ela foi escolhida como a voz mais bela da Argentina, temos que considerar seu enorme papel social que nunca se distanciou de uma responsabilidade para com os povos oprimidos, silenciados, seja por questões políticas, econômicas ou sócio-culturais. Assumiu lindamente seu papel de porta-voz toante das angústias e desejos dessas pessoas. Ela nem se importou de ser rotulada como cantora folclórica dos Andes, pois sabia que cantava uma canção de fato universal, onde o ser humano e sua diversidade eram os elementos fundamentais das canções que escolhia em seu repertório.

Sua voz profunda (que repousa na dúvida de uma hipotética e pobre opinião de alguns de que ela seja apenas uma cantora dos Andes) é, em sua essência, humana e alcança a raiz de nossas heranças culturais. Expressa o poder dos desejos que habita em cada um de forma possante e dolorosa, sem o peso do negativismo ou do rancor.

Mercedes Sosa representa para os povos sul-americanos — de tantos ritmos musicais, de tantas distâncias geográficas, de tantas intolerâncias étnicas, entre as diferenças históricas e diálogos políticos — o sonho que temos em comum pela liberdade e pela solução de nossas disparidades sociais. Esse sonho vislumbra tanto o homem comum que trabalha o campo, como o homem que é moído pelo engenho das indústrias nas grandes cidades. Ambos, estoy segura, querem cantar a paisagem de se estar vivo, o amor pela vida, a terra sagrada, da qual deveriam obter o pão de cada dia, enfim, as pequenas alegrias que deveriam ser garantidas no cotidiano de todas as pessoas.

Simplesmente, ela se definiu como uma cantora popular. Alguém que queria refletir em seu canto tudo o que os poetas e músicos latino-americanos sonhavam em dizer em suas poesias e canções. E cantou: poetas de toda América e interpretou composições de vários músicos. Partiu em viagem para conhecer todos os Cantos desse imenso continente, e se maravilhou em cada descoberta. Encontrava-se e perdia-se ao mesmo tempo no meio de tantas vozes distintas e semelhantes à sua e à de seu país, como relatou em uma entrevista de 1980 a um repórter italiano, pouco antes de seu recital em Lugano na Suíça.

Sempre repetia com a nobreza de seu caráter artístico: “Soy simple, pero no humilde. Cuando canto sólo puedo dar lo mejor de mí.” Dizia isso, pois ao se deparar com uma multidão que a esperava para um show ou recital, ela, como artista desse povo, só poderia fazer o melhor de si mesma. Ao pôr emoção em sua voz e em seu canto, vencia o medo do fracasso de si mesma e sempre superava as expectativas de seu público, pois era para eles que ela ali estava.

Essa é, para mim, a característica mais especial de Mercedes Sosa. E por isso eu a admiro tanto. Ela não via os artistas como “seres escolhidos dos deuses”, tampouco como “antenas parabólicas” que captam todos os câmbios sócio-políticos pelos quais atravessa a humanidade. Não atribui ao artista o título de um “ser extraordinário”, ainda que o poeta, para ela, seja um “profeta”, ele deve estar sempre a serviço de seu povo e aprender com ele. No seu caso, uma artista popular, a arte demanda estudo de história, literatura, política e, principalmente, sensibilidade para perceber nas pessoas pelas quais canta, quais são seus temores, suas dores, suas faltas, suas alegrias, seus amores. Para isso deve ser e estar acessível a elas, saber ouvir e conversar com algumas delas:

“El artista es un hombre que vive en este mundo sufriendo las mismas cosas que sufren todos. De ninguna manera puede olvidarse de que hay gente que le cuesta mucho vivir”.

Nos anos 60 fundou com artistas e intelectuais de toda a América Latina o Movimento “Nova Canção”. Fez questão de incluir o Brasil como um “país hermano” e convidou muitas pessoas daqui. O objetivo era promover a canção popular desses lugares, solidificar suas identidades culturais e lutar, a partir do ponto de vista artístico, para a valorização de suas próprias canções. Tarefa difícil a que empreendeu até seu último show aqui em Belo Horizonte este ano. Para Mercedes a canção popular é uma canção solidária aos problemas dos homens e de um amor profundo que se nega ao título de música ou poesia de protesto. Simplesmente político. Esta canção representa, para a cantora, os povos e por isso não pode ser de nenhuma maneira subjugada, pois é amada. Não pode ser proibida, pois é livre. Como todas as vozes de todos os povos devem ser livres e suas culturas respeitadas.

“La canción representa mi gente, entonces esta canción, de ninguna manera, puede ser sometida. Y si sin embargo es amada, y si en un caso es prohibida, nada que está prohibido y que ha entrado en el corazón del pueblo puede ser olvidado jamás.”

Mercedes Sosa (nasceu em San Miguel de Tucumán, 9 de julho de 1935; e morreu em Buenos Aires, 4 de outubro de 2009) foi uma cantora argentina de grande apelo popular na América Latina.Carinhosamente chamada “La Negra”, é também mulher, indígena, argentina, latino-americana e, longe de elogios vazios, é universal.

La cancionera de la libertad!


6.10.09

"La Negra" deixa saudades! :: Mercedes Sosa :: (* 09/07/1935 :: + 04/10/2009)

*
nos confortamos com a sua voz que nos acompanhará por todo o caminho que cabe a cada um de nós ainda seguir.



(poema :: Maria Elena Walsh)
recital en Lugano, Suiza/1980




“Soy simple, pero no humilde. Cuando canto sólo puedo dar lo mejor de mí.”(Mercedes Sosa/1980)



“El artista es un hombre que vive en este mundo sufriendo las mismas cosas que sufren todos. De ninguna manera puede olvidarse de que hay gente que le cuesta mucho vivir”. (Mercedes Sosa/1980)




"Los hombres son dioses muertos / de un templo ya derrumbado / ni sus sueños se salvaron / sòlo una sombra que va."
(Composición :: Atahualpa Yupanqui)



"Soy una cancionera popular!" (Mercedes Sosa/1980)



!gracias a la vida por el regalo divino de la voz de Mercedes Sosa!


(música :: Violeta Parra)


(poema :: Dante Ramon Ledesma)

(canción de Mercedes Sosa:: indígena legítima de la etnía Toba :: dedicada a todos los indígenas, verdaderos dueños de esta tierra)

"Tantas veces te mataron, / tantas resucitarás / cuantas noches pasarás / desesperando. / Y a la hora del naufragio / y la de la oscuridad / alguien te rescatará / para ir cantando. (poema :: Maria Elena Walsh)

Mercedes,
has cumplido tu ruta aquí en la tierra.
qué te vayas en paz ahora por la ruta de las estrellas.
!muchas gracias!
suja de piche

*
“La canción representa mi gente, entonces esta canción de ninguna manera puede ser sometida. Y si sin embargo es amada, y si en un caso es prohibida, nada que está prohibido y que ha entrado en el corazón del pueblo puede ser olvidado jamás.” (Mercedes Sosa/1980)

***