para poliany figueiredo
deserto à vista
silêncio ecoa gargantas
ouvidos moucos de grito e vazio
rochas de bilhões de anos se revoltam em grãos
um gão
instante do Eterno
ninguém surge aspirando oásis
antes, veste o vestido de tempo e tempestade
.a.r.e.i.a.
ninguém desenha pedras:
o sol se equilibra em dunas
sede ao som e ária que venta
dunas morosas e dengosas
de um lado a outro e vãos
fendas
acariciadas pelas mãos pequeninas do sol
afora dunas da cauda do vestido que baila
cactos bordados
tatos espinhos
ninguém nos espinhos
mata-se sede
fere-se ranhuras de rochas
o sol acalenta
a seiva o caule
a flor espantada e carmim
enigma de morte
- irmãs gêmeas -
esfinge de vida
odor ocre
cor
e um calafrio
ninguém só, veja!
a aridez
o sol escaldante
espera-se o nascer inesperado
e o cacto primevo
espinhos verão
flores não tardarão
veja!
ambos adornam o vestido
suco cáustico embriaga a sede
ninguém abre a porta do deserto
para que outros vejam
as dunas os cactos as flores os espinhos as pedras
ninguém
veja!
a cauda do vestido que baila
o sol o vento
tudo no-nada
ao som de uma ária
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