28.1.09

sobre filosofia e estética :: friedrich nietzsche


Medusa ,Michelangelo Merisi da Caravaggio, 1598

"apenas os artistas, especialmente os do teatro, dotaram os homens de olhos e ouvidos para ver e ouvir com algum prazer o que cada um é, o que cada um experimenta e o que quer; apenas eles nos ensinaram a estimar o herói escondido em todos os seres cotidianos, e também a arte de olhar a si mesmo como herói, à distância e como que simplificado e transfigurado - a arte de se 'por em cena' para si mesmo. somente assim podemos lidar com alguns vis detalhes em nós! sem tal arte, seríamos tão-só primeiro plano e viveríamos inteiramente sob o encanto da ótica que faz o mais próximo e o mais vulgar parecer imensamente grande, a realidade mesma."

"temos que aprender com os artistas, os que estão a rigor continuamente dedicados a realizar tais inventos e artifícios, a nos afastar das coisas até que tenhamos delas uma visão parcial, até que não as vejamos mais bem ou tenhamos que juntar muito delas para ainda vê-las, ou espreitá-las para vê-las como que em recorte, colocá-las de tal modo que se escondam parcialmente e só permitam ser vistas de relance, em perspectiva, ou contemplá-las através do vidro colorido ou à luz dos poentes, ou dar-lhes uma superfície e uma pele sem completa transparência. tudo isso temos de aprender com os artistas, e em todo o resto ser mais sábios do que eles. pois neles termina normalmente esta sua requintada faculdade: onde a arte acaba, começa a vida; nós, porém, queremos ser os poetas da nossa vida, e em primeiro lugar, das coisas mais pequenas e comuns."

***

esse nietzshe é um grande provocador mesmo. o que será essa arte de se ver a si mesmo e ao mundo através de filtros coloridos? o que seria essa forma de se por a si mesmo e às coisas em um plano geral através da arte? seria o de se ver como herói dos tempos das tragédias gregas? aquele édipo marcado por um destino funesto, aquela antígona fiel aos ritos sagrados e por força do sistema uma subversiva política, aquele prometeu que roubou o fogo sagrado de zeus para entregá-lo aos homens? alguém que venceu seus próprios medos e dominou sua força? que se identificou com o ritmo e o fluxo da vida como uma maneira de fazer frente ao sofrimento de sua existência? a arte é que nos ajuda a ver a nossa realidade violenta e cruel a partir de um reflexo, uma greta, um filtro! será a realidade tão dura assim que não suportaríamos encará-la de frente, olhando diretamente nos olhos? precisariamos de um espelho ou o reflexo do escudo de perseu para ver essa medusa, pois se a encaramos tal e qual é seremos transformados em estátua de pedra?

entre essas e outras questões transitam meus pensamentos e minhas leituras ultimamente: pela visão dionisíaca do mundo a partir das teorias de nietzshe. já li uns três livros dele sobre essa danada filosofia da estética para escrever a minha dissertação de mestrado em literatura e teatro - curso de letras. quem quiser me ajudar com pensamentos voadores, pontos de vistas obtusos, vivências particulares sobre a arte, estética, representação da realidade, deixem aqui seus comentários. aceito tb indicação bibliográfica. o meu objetivo é entender a visão de estética dele, o conceito de tragédia hoje e a relação do homem como ser em conflito e inerente a sua própria existência. procuro por interlocutores! =]

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bibliografia citada:

NIETZSHE, Friedrich. A Gaia Ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

26.1.09

encontros e despedidas


de milton nascimento e fernando brant
interpretação: maria rita


Mande notícias
Do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando...

Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero...

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega prá ficar
Tem gente que vai
Prá nunca mais...

Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai, quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir...

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem
Da partida...

A hora do encontro
É também, despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida...

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(para minha mana maga patalógica :: é música na saudade!)

22.1.09

die meistersinger von Nuernberg :: richard wagner

fragmento:

" meu amigo, é isto precisamente a obra do poeta,
que seus sonhos ele interpreta e marca,
creia-me, a mais verdadeira ilusão do homem
se lhe abre no sonho:
toda a arte da poesia e todo o poetar
nada mais é que interpretação de sonhos verazes".

(wagner, richard. os mestres cantores de nuremberg, ato III, cena 2.)



16.1.09

colcha de equívocos coloridos


A VIDA É!





:: estou aprendendo tanto com meus erros
que penso em cometer mais alguns ::

!é que as cores me empolgam!


7.1.09

campanha de popularização do teatro e da dança 2009


iniciou-se dia 05/01 a campanha de popularização de teatro e dança de 2009, com mais de 100 espetáculos em cartaz a R$ 10,00 a entrada. esse evento estará acontecendo até o dia 08/03. algumas apresentações estarão sendo encenadas por vários dias, outras contarão com apenas uma única apresentação, por isso fique atento à programação e postos de vendas de ingressos:

confira tudo aqui

algumas peças considero muito boas e vale a pena conferir:

AQUELES DOIS

Diretores: Cláudio Dias, Marcelo Souza e Silva, Odilon Esteves, Rômulo Braga e Zé Walter Albinati
Autor: Cia. Luna Lunera
Produtor: Cia. Luna Lunera
Da rotina de uma repartição pública, revela-se o desenvolvimento de laços de cumplicidade e afeição entre dois de seus novos funcionários, gerando incômodo nos demais. “Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.” Criado a partir do conto homônimo de Caio Fernando Abreu.
Classificação 16 anos
Duração: 80 min
Sala Juvenal Dias 08/01 a 01/02 • Qui a Sáb: 21h / Dom: 20h
Galpão Cine Horto 05/02 a 01/03 • Qui a Sáb: 21h / Dom: 20h (exceto 19/02 a 22/02)

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PEQUENOS MILAGRES

Diretor: Paulo de Moraes
Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes
Produtor: Grupo Galpão
Construído a partir de histórias reais enviadas pelo público ao Grupo Galpão, "Pequenos Milagres", dirigido por Paulo de Moraes, é composto por quatro cenas que, sob a ótica do homem comum, misturam elementos da comédia, do drama e do melodrama, e traçam situações reais e tipos que são um retrato do Brasil dos últimos cinqüenta anos.
Classificação 12 anos
Duração: 110 min
Palácio das Artes (Grande Teatro) 05/02 a 08/02 • Qui e Sex: 21h / Sáb: 18h e 21h / Dom: 19h

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DO TEMPO E DA PAIXÃO - fragmentos descontínuos de Frida Kahlo

Diretora: Dayse Belico
Autor: Juarez Dias
Produtor: Cyntilante Produções
O espetáculo propõe uma reflexão poética sobre as relações humanas e a morte, a partir do universo da pintora mexicana Frida Kahlo, uma linguagem contemporânea, que experimenta em cena o jogo entre o ator e o boneco.
Classificação 12 anos
Duração: 60 min
Espaço Cultural Minas Shopping 29/01 a 01/02 • Qui a Sáb: 21h / Dom: 19h
Teatro Marília 05/02 a 08/03 • Qui a Dom: 20h

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LAMPIÃOZINHO E MARIA BONITINHA

Diretor: Yuri Simon
Autor: Léo Mendonza
Produtor: Cyntilante Produções
Um fenômeno dos palcos mineiros, vencedor de 19 prêmios, incluindo três na categoria melhor espetáculo. Recomendado pelos Jornais Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e revista Veja SP, o espetáculo homenageia a cultura brasileira por meio das históricas figuras do casal que fez fama no nordeste, com músicas ao vivo!
Classificação livre
Duração: 60 min
Teatro Dom Silvério 09/01 a 01/02 • Sex e Dom: 16h30

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outros espetáculos eu quero primeiro conhecer para poder dar as minhas singelas impressões. entre eles estão: Vexame da diretora Inez Peixoto; Júlia e a memória do futuro da cia tríade de tetro; e algumas outras peças infantis e de dança .

entretanto, para a maioria das peças encenadas na campanha eu não arriscaria meus dez reais. mas isso fica a critério das exigências estéticas de cada um.

para quem gosta de teatro e dança, bom espetáculo!


4.1.09

prólogo 1 :: genealogia da moral :: friedrich nietzsche


nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmos somos desconhecidos - e não sem motivo. nunca nos procuramos: como poderia acontecer que um dia nos encontrássemos? com razão alguém disse: "onde estiver teu tesouro, estará também teu coração". nosso tesouro está onde estão as colméias do nosso conhecimento. estamos sempre a caminho delas, sendo por natureza criaturas aladas e coletoras do mel do espírito, tendo no coração apenas um propósito - levar algo "para casa". quanto ao mais da vida, as chamadas "vivências", qual de nós pode levá-las a sério? ou ter tempo para elas? nas experiências presentes, receio, estamos sempre "ausentes": nelas não temos nosso coração - para elas não temos ouvidos. antes, como alguém divinamente disperso e imerso em si, a quem os sinos acabam de estrondear no ouvido as doze batidas do meio-dia, e súbito acorda e se pergunta "o que foi que soou?", também "quem somos realmente?", e em seguida contamos, depois, como disse, as doze vibrantes batidas da nossa vivência, da nossa vida, nosso ser - ah! e contamos errado... pois continuamos necessariamente estranhos a nós mesmos, não nos compreendemos, temos que nos mal-entender, a nós se aplicará para sempre a frase: "cada qual é o mais distante de si mesmo" - para nós mesmos somos "homens do desconhecimento"...


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somente uma provocação ao pensamento ontológico de nietzsche que nos suscita, quer se queira ou não, o desejo de nos desvendar. quem sou eu? quem somos nós? de onde vêm esses valores morais que apreendemos socialmente e que acreditamos ser nossos? para que serve a moral? como ela acontece? a moral é uma característica inata do ser humano? você saberia se responder? 

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primeira leitura filosófica intensa do ano:

NIETZSCHE, Friedrich. genealogia da moral, uma polêmica. São Paulo: companhia da Letras, 2007.

3.1.09

verão :: outono :: inverno :: primavera :: verão


experiência: 
                        ser plataforma de estações
                                e de passarinhos


inocência:
                   estar passarinho nas plataformas
                           em qualquer estação
                    

                             ,e depois de cada vôo,
                            cuidado! penas na pista