Tenho medo. A tarde é cinza e a tristeza
do céu se abre como uma boca de morto.
Tem meu coração um pranto de princesa
esquecida no fundo de um palácio deserto.
Tenho medo – e me sinto tão cansado e pequeno
que refloresço a tarde sem meditar nela.
(Em minha cabeça doente não cabe um sonho
assim como no céu não cabe uma estrela.)
Entretanto em meus olhos uma pergunta existe
e há um grito em minha boca que minha boca não grita.
Não há ouvido na terra que ouça minha queixa triste
abandonada no meio da terra infinita!
Morre o universo de uma calma agonia
sem a festa do Sol ou o crepúsculo verde.
Agoniza Saturno como uma pena minha,
a Terra é uma fruta negra que o céu morde.
E pela vastidão do vazio se vão cegas
as nuvens da tarde, como barcas perdidas
que escondem estrelas quebradas em suas bodegas.
E a morte do mundo cai sobre minha vida.
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(tradução livre :: patrícia mc quade)
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(tradução livre :: patrícia mc quade)
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2 comentários:
"há um grito em minha boca que minha boca não grita"
parece que sempre há, um medo, um grito...
Beijo, querida.
que poema mais triste!
uma mulher tão amada
tão princesa
tão amante da tristeza
mas eu sei que tudo são
dias e noites
nuvens e sóis.
beijos de pêssego.
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