26.5.13

Jardim de Epicuro

gestos de flor de folhas,
de seu cabelo, sua língua de fogo
e me distancio da polis turbulenta

gestos do corpo da mente
de sua carne calma, fogo dançante
me explique o mundo
clorofilado inanimado úmido
de carne de água sem nervos
carne toda em carne viva
coração
outra razão
semente

o caráter do fogo
as veias de água
tudo onde se adivinha:
os mesmos gostos dos extremos
carambola graviola pinha
esta natureza faminta

jardim de acácias, lírios muitos grilos
farfalhar das folhas secas, tapete de estações
quantas borboletas!
onde o fio do tempo se alonga ao infinito
onde a aranha tece a finitude de um século
e um sopro de tento que tudo rompe
onde dois sois persistem dia
onde Vênus roga noite
a primeira estrela

(gosto de cada gosto
cheiro de cada cheiro
toque que tange alma)
e o corpo se acalma...

qual labareda!
quem dele se aproxima
e adentra
e mergulha
e se encontra
e se perde
e se floresce
e se pergunta:

e se Margarida?

qual jardim brota na palma!

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