eduardo galeano
(tradução livre :: patrícia mc quade)
Nos campos de Salto, aquele capataz, já com idade avançada, tinha fama de ver o que ninguém via.
Carlos Santalla lhe perguntou, com todo respeito, se era verdade o que diziam: que ele via o invisível porque tinha mente grande. Tão grande era sua mente, diziam, que não cabia no crânio e sentia dor de cabeça.
O velho gaúcho riu a gargalhadas:
— Eu, o que posso dizer é que sou muito curioso, e que tenho sorte. Quanto mais se encurta a minha vista, mais vejo.
Carlos tinha nove anos quando escutou isso. Quando já ia completar um século de vida, ainda se lembrava. Os anos também tinham encurtado a sua vista, para que visse mais.
Carlos Santalla lhe perguntou, com todo respeito, se era verdade o que diziam: que ele via o invisível porque tinha mente grande. Tão grande era sua mente, diziam, que não cabia no crânio e sentia dor de cabeça.
O velho gaúcho riu a gargalhadas:
— Eu, o que posso dizer é que sou muito curioso, e que tenho sorte. Quanto mais se encurta a minha vista, mais vejo.
Carlos tinha nove anos quando escutou isso. Quando já ia completar um século de vida, ainda se lembrava. Os anos também tinham encurtado a sua vista, para que visse mais.
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bibliografia: GALEANO, Eduardo. Bocas del tiempo. Buenos Aires : Catálogos, 2004, p. 146.
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bibliografia: GALEANO, Eduardo. Bocas del tiempo. Buenos Aires : Catálogos, 2004, p. 146.
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Um comentário:
Mente grande dá dor de cabeça?
"quanto mais se encurta a minha vista, mais vejo" isso diz tudo.
Adorei... Maga
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