2.1.10

*

giro 360 graus e ninguém se vê
deserto à vista
silêncio ecoa gargantas
ouvidos moucos de grito e vazio
rochas de bilhões de anos se revoltam em grãos
instante do Eterno

ninguém surge aspirando oásis
antes, veste o vestido de tempo e tempestade

.a.r.e.i.a.

ninguém desenha pedras:
o sol se equilibra em dunas
sede ao som e ária que venta
dunas morosas e dengosas
de um lado a outro e vão
fendas
acariciadas pelas mãos pequeninas do sol
afora dunas da cauda do vestido que baila

cactos bordados
tatos espinhos

ninguém nos espinhos
mata-se sede
fere-se ranhuras de rochas
o sol acalenta

a seiva o caule
a flor espantada e carmim
enigma de morte
- irmãs gêmeas -
esfinge de vida

odor ocre
cor
e um calafrio

ninguém só, veja!
a aridez
o sol escaldante
espera-se o nascer inesperado
e o cacto primevo

espinhos verão
flores não tardarão
veja!
ambos adornam o vestido
suco cáustico embriaga a sede

ninguém abre a porta do deserto
para que outros vejam

as dunas os cactos as flores os espinhos as pedras
ninguém
veja!
a cauda do vestido que baila
o sol o vento
tudo
ao som de uma ária

2 comentários:

Gabriela disse...

Dunas

Las dunas cambian de lugar, emigran
Llevadas por el viento llenan las cuencas de los ríos.
Allí sus crestas de arena imitan la curva
de las olas alzándose al vacío. Preciosa la aridez
en su juego de equívocos.

Claudia Masin

patricia mc quade disse...

dunas que bailam
no salão de um deserto
onde ninguém se vê.