giro 360 graus e ninguém se vê
deserto à vista
silêncio ecoa gargantas
ouvidos moucos de grito e vazio
rochas de bilhões de anos se revoltam em grãos
instante do Eterno
ninguém surge aspirando oásis
antes, veste o vestido de tempo e tempestade
.a.r.e.i.a.
ninguém desenha pedras:
o sol se equilibra em dunas
sede ao som e ária que venta
dunas morosas e dengosas
de um lado a outro e vão
fendas
acariciadas pelas mãos pequeninas do sol
afora dunas da cauda do vestido que baila
cactos bordados
tatos espinhos
ninguém nos espinhos
mata-se sede
fere-se ranhuras de rochas
o sol acalenta
a seiva o caule
a flor espantada e carmim
enigma de morte
- irmãs gêmeas -
esfinge de vida
odor ocre
cor
e um calafrio
ninguém só, veja!
a aridez
o sol escaldante
espera-se o nascer inesperado
e o cacto primevo
espinhos verão
flores não tardarão
veja!
ambos adornam o vestido
suco cáustico embriaga a sede
ninguém abre a porta do deserto
para que outros vejam
as dunas os cactos as flores os espinhos as pedras
ninguém
veja!
a cauda do vestido que baila
o sol o vento
tudo
ao som de uma ária
2 comentários:
Dunas
Las dunas cambian de lugar, emigran
Llevadas por el viento llenan las cuencas de los ríos.
Allí sus crestas de arena imitan la curva
de las olas alzándose al vacío. Preciosa la aridez
en su juego de equívocos.
Claudia Masin
dunas que bailam
no salão de um deserto
onde ninguém se vê.
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