6.10.08

canção do carcereiro, de jacques prévert

onde vai você meu carcereiro
com essa chave manchada de sangue
vou libertar aquela que eu amo
se é que ainda tenho tempo
e que eu mesmo aprisionei
ternamente cruelmente
no mais escondido do meu desejo
no mais profundo do meu tormento
nas mentiras do futuro
nas bobagens das minhas juras
eu quero libertá-la
quero que ela seja livre
e mesmo que ela me esqueça
e mesmo que ela se vá
e mesmo que ela volte
e que ainda me ame
ou que ame um outro
se um outro lhe agrada
e se eu ficar na solidão
e ela tiver ido embora
eu guardarei apenas
eu guardarei pra sempre
no côncavo das minhas duas mãos
até a minha última hora
a doçura dos seus seios modelados pelo amor

(tradução linda de leo gonçalves)

salamalandro

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