11.3.09

diálogo em monólogo

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muitas palavras são a metade de um discurso
solitário entrecortado pelo vácuo de outra voz

só agora se ouve o sentido da falta de lógica das palavras

a outra metade ressoa de eco em eco
murmura de mar a mar
nos ouvidos surdos de hera

fica entre perguntas e respostas
desconectas e repetidas
como os olhos dentro do espelho olhando narciso

como olhos que tremem quando veem a noite
como olhos que esperam a paixão de si mesmo

no presente um mar de olundê se balança
entre uma onda e variados pensamentos
um mar deflorado dos seios-olhos de uma virgem viagem
rumor à outra costa do abismo

nasce de olhos d'água a chama que chama outro amor
nasce de olhos d'água uma outra caiala

e eco
de gota em gota
se cala
***

Um comentário:

ana dundes disse...

mas que são os monólogos se não diálogos antecipados?

(predomina a tagarelice da mente, a tormenta...)

Beijo, senhora dona Margarida-Florida!