26.9.09

um poema de juan gelman


mundo

da rosa que amo/como cuidarei?/
não lhe faço mal?/
não a estrago?/
não lhe corto os pés?/

e este acabar?/este estar
como não estar?/e como ir-se
de ti/rosa?/
ajuntar a dor ao já sido?/

não entristecer-te a bondade/
que no mais dos dias se queima?/
e nada?/e tudo?/e mesmo nunca?/
e que não chores?/


***

mundo

la rosa que amo/¿cómo la cuido yo?/
¿no le hago mal?/
¿no la ajo?/
¿no le corto los pies?/

¿y este acabar?/¿este estar
como no estar?/¿y cómo irse
de vos/rosa?/
¿ayuntar el dolor a lo ya sido?/

¿no entristecerte la bondad/
que los más días se te quema?/
¿y nada?/¿y todo?/¿y ya jamás?/
¿y que no llores?/

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bibliografia readquirida e relida:
GELMAN Juan. Isso. Editora: UnB, 2004.
Tradução: Leonardo Gonçalves e Andityas Soares de Moura


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Juan Gelman possui uma linguagem simples, solidária e intensa em seus versos. Viveu um tempo de injustiças extremas e o peso da morte na ditadura militar da Argentina. Conseguiu sublimar o ódio, a dor e a solidão do exílio através da poesia. Sinto pulsar em seus versos a busca das pessoas queridas e companheiros de ideologia que a ditadura lhe roubou e que a anistia não foi capaz de lhe devolver. Hoje continua a publicar seus livros e escrever em seu blog artigos que denunciam a mesma forma de poder que faz calar as vozes de povos que ainda vivem em situação de sujeição imposta pela força e autoridade exacerbada da tirania em pleno séc. XXI. Juan Gelman acaba por assumir o papel de porta-voz dessa gente. O golpe militar em Honduras e a Guerra na Palestina são alguns de seus temas nos artigos. Eu pessoalmente acompanho seus posts e sugiro a leitura periódica de seu blog, assim como a leitura de seus livros. Fica aqui a minha dica:
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