17.6.09

desabafo

de tanta vida de tanto sono de tanto sucesso de tanto óbito de tanto estudo de tanta emoção de tanto trabalho de tanto superfluo de tanta leitura de tanta escrita de tanta derrota de tanta cultura de tanto ofício de tanto ônibus


de pouco talento de pouco tempo de pouca cerveja de pouca leveza de pouco romance de pouco apoio de pouco alento de pouca centelha de pouco concerto de pouca virtude de pouca atitude de pouco arbítrio de pouco verde de pouco vento


creio: logrei a primícia do cansaço
primevo
principiante
preambular
prefacial
primeiro
primitivo
do mundo


sou esse ser primígeo do esgotamento
recito o desabalo dos prelúdios de caracteres de-codificados


do enfado
do agastamento
do declínio
do desalento


arre!


forço a marcha
engato a primeira
e subo na retranca

4 comentários:

ana dundes disse...

a gente vive de enganar esse desalento, de mascarar o desânimo. no mundo do sucesso, poucos se permitem desabafos...

Beijo.

patricia mc quade disse...

esse desalento
esse desânimo
esses sucessos
esse desabafo

arre, ana!

é puro cansaço!!!

bj

__somnium disse...

que isso, amei essa poesia!!!


parabens, super, adorei mesmo!

patricia mc quade disse...

obrigada izabela!
que bom que gostou.
e vc? tb escreve?
se puder e quiser, me conta.
bj