12.6.09

receituário para os apaixonados não correspondidos :: dia dos namorados!

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como dizia o marquês que maricá “mudamos de paixões, mas não vivemos sem elas.” que sina! a paixão é considerada um forte sentimento provinda de eros, filho de afrodite, ou seja, algo inexplicável. e pode também ser entendida como uma patologia, pois, quando manifestada a paixão em um devido ser humano proveniente de uma devida circunstância, perde-se a racionalidade gradualmente se a paixão não for correspondida. ai cresce o instinto de possuir o objeto que lhe causou o desejo que passa a ser o maior dos sentimentos. assim sendo, o apaixonado pode transcender seus limites no que tange a razão e, em situações extremas, beira ao precipício da obsessão.

dizem — os psiquiatras — que essa atração intensa e impetuosa está intimamente ligada à baixa de serotonina (C10H12N2O) no cérebro: substância química, neurotransmissor para os mais íntimos. suas propriedades são similares às que possuem as drogas alucinógenas: hidroxitriptamina. é ela a responsável por vários sentimentos e patologias, dentre eles a ansiedade e o estresse; a depressão e a psicose obsessivo-compulsiva.

eu, leiga de conhecimentos patológicos, mas viciada em classificar elementos a partir da necessidade de entendê-los para apreendê-los e não mais sofrê-los — sem aqui revelar as minhas vivências performáticas passionais: meus segredos — chego a algumas conclusões de que os psico-apaixonados não correspondidos são normalmente separados em três grupos:

(depois de longas entrevistas com psiquiatras e pacientes psico-passionais, leituras de bulas de remédios tarja preta e de ouvir relatos sobre a prática psicodélica, segue juntamente a síntese do receituário para o dia dos namorados sem namorado aprovado por profissionais e testado em vários casos comprovados de psico-paixão - mas cuidado: legitime o uso de narcóticos, só faça uso deles sob prescrição médica!).

o primeiro grupo são que sofrem em silêncio e se apegam à dor como se fosse a única razão de suas vidas. não comem, não bebem, não dormem. apesar de não falar sobre a sua dor, ela está estampada na cara, não há como negar as olheiras profundas e o estado apático: a paixão é avassaladora demais, nenhuma maquiagem consegue escondê-la. para estes é necessário inibir a atividade mental – sim, a paixão não tem nada a ver com o coração. como já foi dito acima, ela é considerada um distúrbio mental que promove um desequilíbrio hormonal e por isso é patológica. para este grupo recomenda-se as drogas leves como os opiáceos (ópio, morfina, heroína – são as melhores! – mas a metadona também ajuda), os barbitúricos, as benzodiazepinas e vários grupos de antipsicóticos que inibem a pulsão de morte (suicídio e/ou crime passional), e os inalantes voláteis, como o éter, talvez façam a alma dos apaixonados ir do peso à leveza do ser em fração de instantes.

há também os que sofrem em silêncio e tentam distrair suas mentes para não pensar no sofrimento de rejeição. são aqueles que não querem incomodar ninguém com a dor que se sente. aqueles que gostariam de se livrar desse sentimento de comiseração, mas não sabem como fazê-lo. como consequência de tanto esforço de distração, estes apaixonados passam a não dar conta da demanda de suas vidas: esquecem os compromissos, os trabalhos urgentes, perdem objetos, tem dificuldade de focar sua atenção e, no meio do turbilhão de confusões, se esvaece a praticidade da vida, tamanha é a demanda da mente em desviar o foco de seus pensamentos da pessoa por quem se apaixonou. para estes o ideal seria estimulantes cerebrais: a ritalina é um tipo de substância que, predominantemente, estimula a atividade cerebral e oferece certo prazer e bem-estar. mas o menu é mais variável: são recomendáveis as anfetaminas, a metilanfetamina, a cocaína – essa é boa! –, nicotina, cafeína, e os antidepressivos. toda droga da lucidez é bem-vinda no caso para ajudá-los nesse processo de retorno a si mesmos.

e ainda há os que são considerados os perturbadores da ordem pública. são aqueles que extravasam sentimentos, que incomodam os vizinhos com altos graus de desespero e que precisam de uma platéia para compartilhar a própria histeria — sinto pena dos amigos desses indivíduos! — para estes casos mais graves são recomendáveis substâncias que nem inibem nem estimulam o sistema nervoso, mas que modificam o equilíbrio da atividade cerebral. os alucinógenos mais importantes para estes casos são substâncias como o LSD e a mescalina – uau! – neste grupo estão também incluídos os produtos da cannabis (haxixe e erva) — traga, segura, prensa, assopra. esse ritual acalma a pessoa que está a ponto de entrar em estado de sítio. mas, fiquem ligados! estas drogas apenas possuem um efeito alucinógeno muito limitado, por isso o uso constante é indispensável.

agora,

há um tipo de apaixonado não correspondido que não pode ser catalogado como enfermo patológico. são os que se apaixonam sim, como todos os outros, pois a paixão é uma condição humana, mas que não fazem disso uma doença. não estão contaminados pelo vírus da posse. não entendem seus desejos como objetos que precisam ser apreendidos. pessoas, para estes, nunca são objetos de consumo, muito menos propriedade privada. se não são correspondidos pela pessoa amada, afastam-se dela por um único motivo: respeito! respeito pela pessoa amada e por si mesmos. para estes, é recomentável passar o tedioso dia dos namorados entre amigos a fim de compartilhar cada momento de aprendizagem, cada pequeno milagre que nasce em cada assombro de se sentir vivo. e assim seguem a vida curtindo os pequenos prazeres que surgem no dia-a-dia: o sol secando os cabelos de manhã, o luar, as copas das árvores, o voo e canto dos pássaros, o vento, qualquer fenômeno por mais mínimo e invisível que possa parecer. estes sapientes da paixão não precisam de drogas que os ajudem a abdicar de seus sofrimentos. esperam pacientemente que o tempo e a distância os cure. e sabem que, depois de passado os sintomas da dor, pode aparecer outra arrebatadora paixão que seja tão sincera e intensa como eles realmente merecem — e também recíproca, e quem sabe "eterna enquanto dure". estes seres sãos e apaixonados caminham livres de patologias, de obsessões, de traumas. para esse gênero de paixão, há um outro nome mais popular :: amor ::

e atenção!

não se ama só uma vez na vida como dizem os fundamentalistas cristãos.

o beijo :: klint


p.s.:
o ministério da saúde te diverte!
durante o tratamento de qualquer distúrbio psico-passional, não consuma álcool. esta droga lícita é péssima para a recuperação do enfermo apaixonado, pois agrava o seu estado de histeria ou apatia.

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:: às amigas, eternas apaixonadas não catalogadas ::
:: júlia morena, heloísa lopes,
luciana gonçalves e júlia guimarães ::

4 comentários:

Júlia Morena disse...

Que lindo!!! To aqui, toda emocionada lendo e relendo! Que delícia de texto! beijo, amore!

Luciana disse...

yo, por mi turno, estoy cada vez más enamorada de todas mis amigas. las quiero, nenas!

MR disse...

Olá,

Gostei do seu blog, bem interessante. Você e seus visitantes estão convidados para conhecê-lo. Eis o endereço:

http://phoenixcapitaldoarizona.blogspot.com

Boa sorte

patricia mc quade disse...

oi lu e ju,
que bom que continuamos apaixonadas pela vida, apesar dos pesares.
nossa amizade é o que tem de mais gostoso.

las quiero, guapas!
besos...

y bienvenida la nueva visitante (MR:) !ojo de gata!