"surrealismo, s.m. automatismo psíquico puro pelo qual se propõe exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. ditado do pensamento, na ausência de todo controle exercido pela razão, fora de toda preocupação estética ou moral.
surrealismo: (de acordo com houaiss)
substantivo masculino
Rubrica: história da arte.
movimento literário e artístico, lançado em 1924 pelo escritor francês André Breton (1896-1966), que se caracterizava pela expressão espontânea e automática do pensamento (ditada apenas pelo inconsciente) e, deliberadamente incoerente, proclamava a prevalência absoluta do sonho, do inconsciente, do instinto e do desejo e pregava a renovação de todos os valores, inclusive os morais, políticos, científicos e filosóficos.
Obs.: f. pref. e menos us.: supra-realismo
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na obra de vladimir kush o mito, a metáfora e a poesia dialogam em formas oníricas reais. seguindo seus precursores: savador dali, rené magritte, andré breton, guillaume apollinaire; kush se vale de técnicas surreais já trabalhadas por esses artistas. um exemplo seria a justaposição de objetos e formas que na “realidade” não se encontram relacionadas, causando efeitos novos que atuam diretamente na nossa percepção de como vemos o mundo, e compõe, assim, outras realidades, não as do sonho, ou as da vertigem, mas realidades que transcendem o sonho, a vertigem e o real ao mesmo tempo. kush constroi dessa forma diferentes pontos de vista frente a uma verdade que se crê (vi)ver. sua obra combina muito bem o mundo onírico ao mundo real. traz referências de um realismo tão profundo que excede os significados dos sonhos assim como os da própria realidade. as metáforas bailam sobre o mundo real que conhecemos, pois trazem elementos muito próximos da presentificação das coisas. é o que ele mesmo denomina de "Realismo Metafórico" ou "Realismo de Metamorfose".
sua arte segue os seguintes princípios:
cria um mundo mítico de verossimilhanças com o mundo real, como acontece, por exemplo, no realismo mágico da literatura e do cinema.
prefere o aspecto estético a motivos emocionais.
usa a ironia como uma de suas principais linguagens metafóricas e alcança, através dela, o encantamento real de sua estética.
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selecionei alguns quadros dele que mais me impressionaram e os combinei com fragmentos do manifesto surrealista, escrito por andré breton em 1924. ontem, sábado, passei a tarde me deliciando na leitura deste manifesto.
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"tão longe vai a crença na vida, no que a vida tem de mais precário, a vida real entenda-se, que, por fim, esta crença se perde".
"cara imaginação, o que eu amo, sobretudo em você, é que você não perdoa".

"a única palavra de liberdade é tudo o que me exalta ainda. eu a creio apropriada a entreter, indefinidamente, o velho fanatismo humano. (...) onde começa ela [a imaginação] a se tornar má e onde pára a segurança espiritual? para o espírito, a possibilidade de errar não será antes a contingência do bem?"

"não será o temor da loucura que nos forçará a hastear a bandeira da imaginação a meio pau".

"(...) a atitude realista, inspirada no positivismo, de santo tomás a anatole france, tem um ar hostil e todo arrojo intelectual e moral. tenho horror a ela, pois é feita de mediocridade, de ódio e suficiência sem atrativo".

"o espírito do homem que sonha se satisfaz plenamente com o que lhe acontece. a angustiante questão da possibilidade não se lhe apresenta mais. mate, roube mais depressa, ame tanto quanto quiser. e se você morrer, não tem você a certeza de despertar dentre os mortos? deixe-se levar, os acontecimentos não toleram que você os retarde. você não tem nome. a facilidade de tudo é inestimável".

“nestes quadros que nos fazem sorrir, no entanto sempre se pinta a inquietação humana, e é por isso que os levo a sério, que os julgo inseparáveis de algumas produções geniais, as quais, mais que as outras, estão dolorosamente impregnadas dessa inquietação”.
se quiser o manifesto surrealista na íntegra, acesse aqui.
boa leitura!
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vladimir kush nasceu em moscou no ano de 1965. a partir de 1990 começa a definir melhor a sua estética artística com muito brilhantismo e criatividade ao reinventar o surrealismo.
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