12.11.08

escribir es combatir :: José Martí


"uma pitada de poesia já basta
para perfumar um século inteiro".
josé martí

esta frase eu ouvi sendo repetida calorosamente hoje por um motorista de taxi cubano residente em bh a mais de 10 anos.
silêncio intenso durante o percurso do taxi lotação que sobe e desce a avenida afonso penna, nos descobrimos quando o carro parou em um transito imenso depois da praça tiradentes. pelo sotaque perguntei de onde ele era. "soy de cuba", me contestó en español.
depois disso foram mil as descobertas de afinidades. compay segundo, ibrahim ferrer, omara portuondo, che guevara, críticas políticas a fidel castro. no entanto, o tema mais intenso e de maior sintonia foi el apóstol José Martí.

HIJO


Espantado de todo, me refugio en ti.
Tengo fe en el mejoramiento humano, en la vida futura, en la utilidad de virtud, y en ti.
Si alguien te dice que estas páginas se parecen a otras páginas, diles que te amo demasiado para profanarte así. Tal como aquí te pinto, tal te han visto mis ojos. Con esos arreos de gala te me has aparecido. Cuando he cesado de verte en una forma, he cesado de pintarte. Esos riachuelos han pasado por mi corazón.
¡Lleguen al tuyo!
(obra poética: Ismaelillo)


***
José Martí foi um grande intelectual do séc. XIX que soube usar a pena como uma ferramenta revolucionária desde a sua juventude. Foi preso político quando era um adolescente por causa de seus textos inflamados que incitavam a revolução das massas. Fez uso da ironía para provocar o incômodo moral nos opresores inimigos dos direitos humanos e da liberdade de Cuba e sonhava essa mesma liberdade também para toda América. Seus ideais revolucionários foram tão intensos que perduraram ao longo do séc. XX e serviram de inspiração e força política para a revolução cubana em 58. Conhecia profundamente a cultura Européia e de boa parte da América. Foi artista, sensível e culto, de muito talento e imaginação, um excelente orador, de raro sentido estético e ético. Acreditava no homem como um ser que poderia revolucionar o mundo onde vivia. Através de sua escrita soube defender suas causas mais nobres como o sonho da união da América Latina e a liberdade de todos os povos. Além de contribuir para os pensamentos ideológicos de sua época, difundiu uma literatura cubana mais livre dos moldes europeus. Seu estilo era movido pelo ímpeto de seu espírito revolucionário, amplo e majestoso. Trouxe para a sua poesia o calor de sua dor de forma latente que até hoje no há quem no se sinta provocado diante dela. Devoto de sua pátria se tornou um símbolo latinoamericano de resistência contra o colonizador — antes o espanhol, agora o norte americano. Chamado “el apóstol” tinha uma visão do futuro da América e conseguiu ver através da nebulosidade que ocultavam seu destino político o advento de um novo opressor: não aquele distanciado geograficamente pelo oceano Atlântico, mas uma super-potência que se formava, que começava a apresentar as pontas de suas garras dominadoras — EUA. Suas palavras eram de um poder metafórico e uma força lírica que surpreendia a muitos:

“El desdén del vecino formidable, que no la conoce, es el peligro mayor de nuestra América; y urge, porque el día de la visita está próximo, que el vecino la conozca. La conozca pronto, para que no la desdeñe. Por el respeto, luego que la conociese, sacaría de ella las manos.”

José Martí esteve a frente de seu tempo. Enquanto muitos intelectuais tentavam instituir seus pensamentos cheios de preconceitos contra as raças consideradas selvagens, consideradas por eles pertencentes a civilizações primitivas e inferiores (índios, negros, mestiços), Martí erguia a bandeira humana de que somos todos iguais em direitos e que nenhuma raça tem qualquer direito especial sobre uma outra. Além disso, afirmou que não existem raças, existem diferenças físicas e culturais, pois somos todos parte da espécie humana:

“No hay odio de razas, porque no hay razas”.

***
Em 19 de maio de 1895, no comando de um pequeno contingente de patriotas cubanos, após um encontro inesperado com tropas espanholas nas proximidades do vilarejo de Dos Rios, José Martí é atingido à bala e vem a falecer em seguida. Seu corpo, mutilado pelos soldados espanhóis, é exibido à população e posteriormente sepultado na cidade de Santiago de Cuba, em 27 de maio do mesmo ano.



guantanamera
raices de américa
poema: José Martí
composição: Joselito Fernandez

Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera

Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma
Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma
Y antes de morir me quiero
Echar mis versos del alma

Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera

Mi verso es de un verde claro
Y de un carmín encendido
Mi verso es de un verde claro
Y de un carmín encendido
Mi verso es un ciervo herido
Que busca en el monte amparo

Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera

Por los pobres de la tierra
Quiero mis viersos dejar
Por los pobres de la tierra
Quiero yo mis viersos dejar
Por que arroyo de la sierra
Me complace más que el mar

Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera


Um comentário:

Aninha disse...

Oi Patrícia,
Muito legais este seu blog.
Saudade,
Beijim e parabéns
aninha