

"que a poesia é a descoberta
das coisas que eu nunca vi"
(oswald de andrade)
mesmo triste comprove
a alegria é a prova dos 9
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manhã profunda
um passarinho cantou tão triste
tão sozinho
um outro respondeu espere já vou
aí já vou aí já vou aí
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didática
a solidão de meu pai foi qualquer coisa
um pouco depois da vida um pouco antes da
morte. como o câncer, por exemplo.
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infância (1)
submarino é um avião que nada
e tem olho de peixe
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infância (2)
eu matei minha saudade mas depois
veio outra
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fotonovela
quando você quis eu não quis
qdo eu quis você ñ quis
pensando mal quase q fui
feliz
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boêmia
acho que hoje já é
amanhã
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façanha
tomou muita cachaça
ficou lúcido
quis se matar
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carteira profissional
não sou amado no amor: sou
amador
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jura
minha boca sopra no vento: eu te
amo eu te amo
uma navalha corta em dois meu coração
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inacabado
adio
vou estudando
adio
vou viajando
vidinha adiada a minha
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idade madura
meu coração anda inquieto e sufocado como
na infância
nas noites de tempestade. é risonho meu futuro?
minha solidão é indescritível.
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para quem por cacaso não conheça!
antônio carlos de brito é conhecido por nós como cacaso. pisciano irreverente (14/03/44) nascido em uberaba-mg e vivido, entre outros lugares, no rio de janeiro. é poeta, compositor, caricaturista e foi professor da puc-rj entre outras profissões de amador que tivera. foi atuante e defensor teórico da geração mimeógrafo que marcou a poesia marginal brasileira dos anos 60 & 70.
suas obras poéticas? pois não! (que se quer pois sim!)
- a palavra cerzida (1967); considerado como representante da primeira geração pós-vanguarda.
- grupo escolar (1974); um dos livros da coleção frenesi composta por obras de outros poetas como: chico alvim, roberto schwarz, geraldo carneiro e joão carlos pádua.
- segunda classe e beijo na boca (as duas de 1975); obras que vieram a lume na coleção vida de artista a partir de parcerias com Eudoro Augusto, Carlos Saldanha e Chacal.
- na corda bamba (1978)
- mar de mineiro (1982)
- beijo na boca e outros poemas (1985); primeira antologia poética do autor.
- lero-lero (2002); poesias completas editadas e inéditas.
em 1987 sua poesia maior veio através de sua morte. esse mistério poético ele guardou só para si, não voltou para recitá-lo. nos jornais foram impressas as seguintes palavras sobre o evento magistral de sua passagem pela materialidade :: carne, osso e vinho do coração :: " poesia rápida como a vida".
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bibliografia lida intensamente:
lero-lero [1967 - 1985], cacaso. são paulo: casac & naify, 2002.
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minha última leitura de 2008.
que venha a poesia de 2009.
degustarei todas que a mim me apetecerem.
feliz virada para todos nós.
por cacaso,
evoé!
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e ainda por cacaso end finish antes do fim:
indefinição
pois assim é a poesia:
esta chama tão distante mas tão perto de
estar fria
2 comentários:
olá.
"didática" é lindo.
olá sabina,
eu tb gosto em especial deste poema.
e bagunçando a poética de oswald:
"poesia é também a re-descoberta das coisas que eu já (vi)vi".
bjs.
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