"assim eu quereria o meu último poema"
(verso de manuel bandeira)
fosse sereno noturno de flor
fosse atabaque retumbante no peito
fosse rima que pinga do olho essa dor
fosse a gentil sutileza da aranha-bordadeira
que encurrala com a morte
a ingênua presa envolvida em sua teia
fosse o clamor surdo das vozes
dos que se perdem no deserto:
a paixão dos mal-amados,
o ciúme histérico dos abandonados,
a pulsão prozac dos suicidas,
as cartas de amor não respondidas
assim eu queria o último adeus:
fosse essa flor delicada que
guarda seu perfume por vir
o sereno na madrugada.
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