1.5.09

a zéfiro, vento brando que partia

***
inadvertido vento que zunia
num clamor de tarde agaroada
anunciou breve ventania
leve presságio entre os mortais
e ninguém entendia nada

rabiscos no asfalto se via
folhas em voo arrebatado
o peso de redemoinhos se fazia
essa leveza, zéfiro sentia
e ninguém entendia nada

cateter não drena ausências
coração em choque renasce a vida?
pulso que pulsa de repente batia
por quem zéfiro ventania?
e ninguém entendia nada

por que tão breve passeio
de zéfiro neste mundo refrão?
uma resposta que houvesse
cata-vento os sussurros do oeste
será que existe explicação!?

brisa de asas plenas se sabia
como a força persuasiva do tempo
— zéfiro voltaria um dia —
como um moleque de pé-de-vento
cantar biruta nas ondas das meninas

de mistério em mistério nasce profecia
de vento se alumia o verbo
no céu das bocas roseas zéfiro luzia
e partiu florindo jacintos e saudades
ele, em rodopios, um dia voltaria

e assim zéfiro ventania
depois
de embaraçar os cabelos de quem aqui ficava

***

   (para jerson guimarães :: a quem chamávamos carinhosamente zé :: que entre jacintos e saudades nos deixou)
                                                   
***

2 comentários:

Anônimo disse...

Linda, linda poesia!

patricia mc quade disse...

gracias! ;)